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Texto publicado originalmente na revista digital Latitude 21, edição de agosto de 2024.

Link da matéria: aqui

Por Geisa Simionato Ambrósio

Que a gastronomia é uma arte, ninguém discorda. Mas como fazer arte de um produto usado na gastronomia? Vamos lá... Sou pedagoga especialista em gestão escolar e trabalho há mais de vinte e cinco anos na área. Mas o que uma pedagoga vem falar de arte numa revista de gastronomia??? 

Calma... já vou explicar. Como eu disse, trabalho em uma escola, onde tive contato com um projeto sobre a valorização de frutos nativos e regionais com destaque para o jatobá – fruto presente na Mata Atlântica, vegetação original que cobria o oeste do estado de São Paulo, onde resido. Como também sou artesã, fui convidada a produzir uma peça utilizando o fruto.

O artesanato sempre ocupou um lugar de destaque na minha vida. É através dele que me realizo, me conecto comigo mesma e com a minha fé. Desde bem jovem aprendi a arte dos trabalhos manuais, passeando pelo bordado, pintura, crochê, costura e estacionando na produção e restauração de peças sacras em gesso e madeira. Meus produtos são delicados e procuro dar um significado especial à religiosidade das pessoas, que é bem acentuada, principalmente nas cidades do interior, criando peças customizadas para atender os clientes mais exigentes. 

Gosto de desafios, de criar peças novas, então aceitei a empreitada. Já conhecia o jatobá da minha infância, então a tarefa ficou mais fácil. Pensei em criar um produto diferente do que estou habituada a fazer – uma coisa mais rústica, pra mostrar a beleza natural do fruto, mas que também fosse atual e acompanhasse as tendências da decoração. E assim nasceu o colar de mesa Jatobá Maxi 

O colar é usado como adorno desde os povos primitivos. No Brasil, os indígenas já os usavam, com penas e sementes. Também na época da escravatura, os negros usavam cordões com amuletos acreditando que espantavam o mau-olhado. Várias religiões usam os colares ou objetos parecidos como os terços e a japamala como sinais de fé e em rituais e celebrações. Na decoração, a inovação veio com seu uso em tamanhos maiores para enfeitar mesas, aparadores e até paredes.

Criei o colar com a casca do jatobá, que é dura e tem aspecto de madeira e cor que varia do bege ao rosado por dentro e marrom brilhante por fora. Essas cascas, que seriam descartadas como material orgânico depois de trituradas, são cortadas em pedaços, higienizadas, impermeabilizadas (já que o produto é natural e pode ser atacado por insetos e fungos), pintadas e envernizadas uma a uma. Para a junção das peças utilizo o fio de rami, que também é uma fibra natural, e completo a criação com contas de madeira. O destaque fica para o pingente, que traz a casca inteira de um fruto. 

A peça foi pensada para pessoas que gostam de valorizar o que é natural: preferem as formas orgânicas, a irregularidade dos materiais e o aconchego do produto feito manualmente para decorar seus lares ou ambientes de trabalho. O colar de mesa é mais uma prova de que o jatobá é muito versátil e que dessa árvore tudo se aproveita. 

Texto publicado originalmente na revista digital Latitude 21, edição de agosto de 2024.

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