Rogério Buchala economista, professor da FAI e consultor
O jatobá é uma planta versátil que pode ser utilizada de diversas maneiras. A farinha obtida de seus frutos, por exemplo, é rica em nutrientes e pode ser empregada na culinária para enriquecer receitas tradicionais. Além disso, é um ingrediente valorizado na produção de alimentos de alto valor agregado, como vinagre e xarope. Outros produtos derivados do jatobá incluem resinas usadas na fabricação de verniz e a casca, que possui propriedades medicinais
Estudos preliminares indicam que a exploração do jatobá é rentável. A coleta e o processamento do fruto são atividades relativamente simples e podem proporcionar uma fonte adicional de renda para os pequenos proprietários rurais. Em experimentos recentes, foram coletados 3.000 kg de frutos de jatobá em um raio de 100 quilômetros. Esses frutos foram transformados em farinha e vinagre, mostrando que há um mercado em potencial para esses produtos.
Para além da produção de farinha e vinagre, há também a possibilidade de diversificação dos produtos derivados do jatobá, como a criação de cosméticos e suplementos alimentares, setores em crescimento e com grande potencial de lucro.
A introdução de tecnologias simples para a extração e processamento do fruto pode aumentar a eficiência e a qualidade dos produtos, tornando-os mais competitivos no mercado. Além disso, a valorização dos produtos locais e sustentáveis têm atraído consumidores que estão dispostos a pagar mais por itens que contribuem para a preservação ambiental e o desenvolvimento das comunidades rurais. Assim, investir na cadeia produtiva do jatobá não só reforça a economia local, mas também promove práticas agrícolas sustentáveis e a conservação da biodiversidade.
Embora a exploração do jatobá traga muitos benefícios, há alguns desafios a serem enfrentados. A produção de frutos é bienal, o que significa que as árvores só produzem frutos a cada dois anos. Além disso, as novas árvores levam algum tempo para começar a produzir. No entanto, o crescente interesse por produtos naturais e saudáveis está criando oportunidades significativas para o jatobá
O jatobá, cientificamente conhecido como Hymenaea sp., é um fruto nativo das florestas tropicais da América Latina, apresentando um considerável potencial econômico para pequenos agricultores. Esse potencial é particularmente relevante na região de Nova Alta Paulista, localizada no oeste do estado de São Paulo. Originalmente coberta pela Mata Atlântica, essa área oferece condições ideais para a exploração sustentável do jatobá como um recurso florestal não madeireiro, proporcionando uma fonte de renda significativa ao mesmo tempo que contribui para a conservação ambiental.
Incorporar a bioeconomia ao contexto do jatobá implica reconhecer a importância de um sistema econômico que utiliza recursos biológicos renováveis de maneira sustentável. A bioeconomia integra a gestão sustentável de recursos naturais, inovação biotecnológica e a produção de alimentos, energia e materiais. No caso específico do jatobá, sua exploração representa um exemplo claro de bioeconomia, ao promover o uso sustentável de um recurso florestal não madeireiro, gerando produtos de alto valor agregado e contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico local.
A exploração do jatobá também desempenha um papel crucial na sustentabilidade ambiental. Essa árvore auxilia na recomposição da biodiversidade e na preservação dos recursos hídricos e do solo. Além disso, programas de reflorestamento que incorporam o jatobá podem ajudar na regeneração de áreas degradadas, promovendo o bemestar do ecossistema local.
O jatobá representa um recurso valioso que, se explorado de maneira sustentável, pode proporcionar benefícios econômicos significativos para pequenos agricultores, ao mesmo tempo em que contribui para a preservação ambiental. Com o aumento da demanda por produtos naturais e saudáveis, o jatobá possui um enorme potencial para se tornar uma importante fonte de renda e desenvolvimento sustentável de Nova Alta Paulista, onde está se iniciando a construção dessa cadeia de valor.
Encontrada em toda a faixa tropical o continente americano, a espécie tem ampla área de distribuição geográfica, estendendo-se desde a costa ocidental do México, sul da Bolívia, Amazônia, Nordeste até o Centro-Sul brasileiro, correspondendo aproximadamente às latitudes 23o N até 25o S, indo da região Norte, estendendo-se até o Piauí e chegando ao norte do Paraná. As árvores são perenifólias a semi-caducifílias, podendo atingir 25 m de altura e 120 cm de DAP (diâmetro a altura do peito).
Apresenta ramificações racemosa, irregular com copa grande e arredondada e folhagem densa; suas cascas com espessura de até 10 mm, a casca externa é cinza clara, levemente áspera com pequenos sulcos superficiais. A casca interna é rosada exsudando resina cor de vinho; suas flores são hermafroditas de cor branca a creme reunidas em corimbo, possuindo em média 14 flores terminais; e seus frutos são vagem lenhosa, revestida por polpa carnosa, farinácea com odor adocicado característico e comestível com 12 a 17cm de comprimento e 5cm de largura contendo de 2 a 8 sementes; e suas sementes são da cor de vinho, ovalada com 2cm de comprimento. L
Das 17 espécies do gênero, a courbaril é a que apresenta maior área de dispersão. Destas espécies, apenas uma ocorre na África, Madagascar e Ilhas Mascarenhas, sendo todas as demais encontradas na América tropical (Weaver, 1987). Segundo Carvalho (1994), das 17 espécies, 13 ocorrem no Brasil. O jatobá ocorre em regiões com temperatura média anual de 22 a 28º C e pH do solo de 5,5 a 7,5. Sua área de ocorrência natural abrange altitudes de 40 a 900 m, com precipitação média anual de 1000 a 2000 mm com chuvas concentradas no verão ou no inverno e estação seca de no máximo 5 meses (Carvalho, 1994).
Ocorre nos tipos climáticos Af, As, Aw, Cwa, Cwb e raramente no Cfa, preferindo climas com temperatura média do mês mais frio entre 16º e 24º C e do mês mais quente de 22º a 30º C. Cuidados e técnicas Artigo Em relação aos solos, como a maioria das espécies de madeira dura, o jatobá cresce melhor em solos profundos, férteis, úmidos e bem drenados. Pode crescer em solos de toda a textura, porém desenvolve-se melhor em solos arenosos.
O jatobá floresce durante a estação seca até o início da estação chuvosa, com os frutos amadurecendo durante a estação chuvosa. A floração desta espécie ocorre de setembro a novembro em Minas Gerais e de setembro a dezembro no Ceará (Carvalho, 1994).
A polinização é feita por morcegos (quiropterofilia) durante a noite e provavelmente por beija-flores durante o dia. A dispersão das sementes é feita por grandes mamíferos (Zoocoria), destacando-se a anta e a paca, em que a semente ao passar pelo trato digestivo dos animais supera a fase de dormência. No entanto, a força da gravidade é o único meio de disseminação em muitas ilhas do Caribe (Francis, 1990). Segundo Francis (1990), as vagens maturam ao redor de 9 meses após a florescência e caem em um período de três meses. Uma só árvore pode produzir mais de 100 vagens, porém somente uma parte das árvores produzem em um dado ano.
Se as vagens são deixadas sobre o solo, a germinação das sementes pode levar vários meses, somente sendo possível após o apodrecimento do fruto. Se as vagens não são abertas, a maioria das sementes perde a viabilidade dentro dos frutos. As sementes são obtidas com maior facilidade mediante a coleta e a abertura dos frutos recém caídos. O município de Florida Paulista possui um viveiro municipal, onde são produzidas cerca de 10.000 mudas nativas/ano. Desse total, cerca de 30 % são o Jatobá. As mudas são distribuídas ao longo do ano nos respectivos TCRA (Termo de Compromisso de Recuperação Ambiental).
Os termos são gerados a partir de qualquer adequação de estradas rurais, intervenções em área de preservação permanente (reformas de pontes); términos de aterros sanitários, novos parcelamentos de solos (loteamento), dentre outros projetos. Parte dessas mudas são doadas para produtores rurais e urbanos, para plantio em áreas de matas ciliares, APP e jardinagens.
Na produção de mudas a escarificarão mecânica próxima à região do embrião é o primeiro passo, pois facilita a entrada de água, melhorando a taxa de germinação. Após o processo, suas sementes são colocadas em tubetes compostos por substrato de baixa densidade, leve e com grande rendimento, o que facilita o manejo e saque das mudas em qualquer espaço e recipiente de plantio; e coberto com sacos de estopa, para controle da temperatura. Na composição dos substratos, são utilizadas matérias-primas como turfa de Sphagnum, conhecida como turfa canadense e ou europeia, perlita expandida, vermiculita expandida, e casca de arroz torrefada, entre outros.
Matéria de Izabel Castanha Gil
Recentemente, a Empório Flamejante foi citada por Jaqueline Gil, uma das palestrantes na Semana do Clima de Nova York, como um dos exemplos de negócio socioambiental, que incorpora a regeneração ambiental em seus princípios e estratégias. O artigo denominado A nova fronteira em viagens e turismo: regeneração, publicado no site Turismo Spot, trata dos desafios e da responsabilidade do turismo em tempos de crise climática, tendo a regeneração como uma das palavras chave para a cadeia de valor que se construiu com e em torno dele.
Leia mais: Empório Flamejante, Projeto Jatobá e floresta em pé
Matéria escrita pela Nutricionista Luciana Braga Lucianetti e publicada na revista Bonapetit de agosto/2024, inteiramente dedicada à cadeia produtiva do jatobá. Link de acesso: aqui
Apesar da madeira intensamente explorada economicamente, não é sempre que as pessoas lembram do uso medicinal do jatobá, uma espécie de nome científico Hymenaea sp.
E como qualquer outra árvore, o jatobá oferece muitos benefícios apenas por existir: além de proporcionar sombra, abrigo e alimento para animais, essa espécie tem papel econômico, cultural e medicinal!
Matéria escrita por chef Édipo William e publicada na revista Bonapetit de agosto/2024, inteiramente dedicada à cadeia produtiva do jatobá. Link de acesso: aqui
Grande parte da cultura alimentar contemporânea foi influenciada pelos meios de comunicação, especialmente a partir da década de 1980, com a expansão da televisão. John Logie Baird, criador do primeiro aparelho de televisão, em 1926, não poderia imaginar o poder transformador que seu invento proporcionaria em todo o mundo.
Leia mais: O desafio de colocar jatobá na mesa - Chef Édipo William
O livro "Protestantes no Brasil-Colônia", escrito por Eunice Ladeia Guimarães Lima, é uma obra essencial para quem deseja compreender o papel dos protestantes no desenvolvimento cultural e educacional durante o Brasil colonial. Publicado pela REGES Editora Universitária em sua 2ª edição (2013), o livro oferece uma análise profunda sobre como essa comunidade religiosa influenciou a formação da identidade do país, tanto em termos religiosos quanto culturais. Este artigo explora os principais aspectos do livro e sua relevância para historiadores, estudantes e pesquisadores interessados na história religiosa do Brasil.
Leia mais: "Protestantes no Brasil-Colônia": Um Olhar Sobre a Formação Religiosa e Cultural
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