Texto publicado originalmente na revista digital Latitude 21, edição de agosto de 2024.
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No Brasil, apenas 4% dos resíduos sólidos gerados são reciclados. Ficamos abaixo de países como Chile, Argentina, África do Sul e Turquia, que apresentam uma média de 16% de reciclagem, segundo dados da International Solid Waste Association (ISWA). Em relação aos países desenvolvidos, o caminho a percorrer é ainda mais longo. Na Alemanha, por exemplo, o índice de reciclagem alcança 67%.
O destino desses resíduos precisa ser feito de forma ambientalmente responsável. Na lógica da economia circular, esses produtos são projetados para serem facilmente incorporados pelo solo e, para isso, é necessário optar por ingredientes seguros para as pessoas e para o meio ambiente, sem uso de produtos químicos tóxicos ou processos de fabricação poluentes, além de utilizar materiais biodegradáveis e de origem renovável.
As bioembalagens desenvolvidas pela OKA utilizam a mandioca como base e, por isso, são compostáveis, comestíveis, sem glúten, forneáveis e sem uso de petroquímicos, garantindo que sejam 100% biodegradáveis e compostáveis de modo doméstico, em menos de 30 dias.
A escolha pela mandioca é bastante simbólica. Esse tubérculo, cultivado há mais de 9 mil anos, teve seu cultivo disseminado entre diversas etnias indígenas e seguiu se desenvolvendo ao longo do curso dos grandes rios amazônicos, que são até hoje as principais vias de transporte da região. "Mandioca" origina-se do termo tupi mãdi'og, que significa "casa de Mani", sendo Mani a deusa generosa dos guaranis.
O cultivo da mandioca é pouco exigente em termos de irrigação, resiste bem a períodos de seca e em regiões mais quentes, ou seja, em toda a zona tropical do planeta. Além disso, a mandioca pode ser produzida em consórcio com outras culturas e em agroflorestas, diferentemente das matérias-primas do papel e da cana-de-açúcar, que são tidas como monoculturas transgênicas e que contribuem para o empobrecimento do solo e a exclusão da fauna da região onde estão inseridas. O consumo de água no processo industrial das bioembalagens é bastante baixo, além de a produção ser limpa e não gerar resíduos.
Pode-se também usar como base os resíduos de cadeias agroextrativistas e de indústrias alimentícias como cacau, jatobá, açaí e babaçu, contribuindo ainda mais para a diminuição de resíduos industriais orgânicos. Comparado às embalagens plásticas, estas consomem pelo menos 50 vezes mais água em seu processo e persistem na natureza por até 100 anos. Em relação aos copos de papel, embora também compostáveis, seu processo industrial não é totalmente limpo, utilizam até 1000 vezes mais água e contaminam o solo e lençóis freáticos. Recentemente, a Oka Embalagens introduziu farinha da casca e farinha da semente do jatobá nas embalagens e o resultado foi satisfatório. Tem-se um produto à base de fécula de mandioca, agora enriquecido com as sobras do processamento de um fruto nativo, ampliando a sua cadeia produtiva. Ao saborear o sorvete de jatobá numa embalagem comestível enriquecida com matérias-primas reaproveitadas do próprio fruto, dá-se um passo importante na proposta de valor voltada à regeneração dos biomas nativos e na economia circular.
Texto publicado originalmente na revista digital Latitude 21, edição de agosto de 2024.
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