Texto publicado originalmente na revista digital Latitude 21, edição de agosto de 2024.
Link da matéria: aqui
Por Clarilene Salvadori – Design Wow
Eu já havia compreendido que a conexão quase divina ocorria ao trabalhar com a terra. Decidi claramente meu caminho quando, durante uma experiência em uma horta urbana, toquei a terra com os olhos fechados e senti seu pulsar dentro da minha mão, como um coração que batia. A partir dessa experiência com a terra, começar a trabalhar com argila foi um passo natural, como o movimento definitivo
Para chegar às Cerâmicas Jatobá na Latitude 21, tracei um percurso meticuloso e certamente diversificado. Minha inspiração não vem de outros trabalhos ou colegas de profissão; é a própria natureza que sempre me fascinou, especialmente com suas formas orgânicas, arredondadas e sensuais, além dos receptáculos que ela oferece.
Meu objetivo é criar peças que sejam não apenas agradáveis e harmoniosas aos olhos, ao toque e ao paladar, mas também atendam às necessidades dos meus clientes. Em colaboração com Izabel Castanha Gil, estou empenhada na construção da cadeia de valor em torno do fruto nativo jatobá. Minha intenção é desenvolver recipientes em cerâmica que capturem a essência dos produtos produzidos pela Latitude 21, tendo o jatobá como inspiração central.
O processo começa com estudos detalhados sobre o fruto a ser trabalhado, seus locais de produção, além de explorar possíveis formas reais e viáveis. Dessa pesquisa inicial surge o primeiro layout, elaborado manualmente, com opções coloridas ou não, que é então apresentado ao cliente. Após a aprovação, inicia-se a segunda etapa, inteiramente manual: colocar as mãos na massa!
Foram criados os primeiros mock-ups em argila escura, que foram moldados, queimados e pintados. No entanto, ao finalizar as cerâmicas, que foram projetadas prioritariamente como peças utilitárias, o resultado final não atendeu completamente às minhas expectativas.
Então se dá um passo atrás, recomeçando do zero e assim foi elaborada uma nova proposta, totalmente desenvolvida com as características do jatobá. Comuniquei a Izabel que esta nova versão seria digna de "ganhar prêmio". Os mock-ups ficaram excelentes com o uso de barbotina (argila líquida) e a tabaco da Pascoal, uma conhecida importante para mim.
Após a aprovação dos mock-ups (peças em tamanho real e no material correto), deu-se início ao processo de moldagem das peças, totalizando cinco moldes para toda a coleção: uma garrafa grande de 700 ml, uma garrafa média de 500 ml, uma garrafa pequena de 200 ml, além de xícaras e copinhos
Com a paleta de cores definida em tons terrosos, destacando o contato com a terra e a argila, e visando a expansão da linha de produtos, o amarelo foi escolhido para o interior das peças, lembrando a cor do jatobá, que é amarelo pálido, semelhante à tonalidade das cerâmicas. As cores externas das peças são tons marrons, ferrugem, cremes e crus. Recordando que o intuito é de se assemelhar o máximo possível com a matéria prima, que é o fruto de jatobá.
Os diversos logotipos desenvolvidos para complementar o design das peças foram projetados com relevo alto, destacando-se nos objetos como se buscassem atrair o admirador. Continuando com a produção e entrega, foram criados outros produtos Latitude 21, como bowls de 15 cm de diâmetro e 12 cm de altura, ideais para desfrutar do café da manhã com cereais ou para servir doces feitos com o próprio fruto. Essas peças apresentam o logotipo na parte frontal, pintadas em verde piscina como cor secundária pálida na parte interna e um pouco nas bordas. Além disso, os frutos do jatobá foram pintados enquanto o restante da peça permaneceu no tom natural da argila.
Também foram criadas tigelas de cerâmica em um esmalte desenvolvido especialmente para a Latitude 21, um tom cru, todo bordado nas bordas, pelos desenhos do fruto do jatobá com suas variadas formas.
Neste preciso momento, se produz uma linha de pratinhos de desert pão nos mesmos princípios e logotipo da Latitude 21, também bordados com o fruto de jatobá. Seguramente, nossa parceria seguirá no tempo e gostaria de ver os produtos pulsando em conexão com o mundo. Me encanto quando as pessoas gostam das cerâmicas e que vejo um brilho nos olhos em uma espécie de Wow
Texto publicado originalmente na revista digital Latitude 21, edição de agosto de 2024.
Link da matéria: aqui
Por Clarilene Salvadori – Design Wow
Fale conosco agora mesmo!