Apresentação
O jatobazeiro, árvore que produz o fruto jatobá, é uma espécie vegetal da família das febaceae, conhecida como leguminosa, constando entre as mais valorizadas comercialmente no mundo. Seu nome científico é Hymenaea sp., sendo encontrado na faixa tropical do continente americano, entre o México e o Centro-Sul brasileiro. Há várias espécies catalogadas no Brasil encontradas nos biomas Floresta Equatorial, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado e Pantanal Mato-grossense. Seu nome na língua tupi-guarani significa fruto de casca dura.
Rico em cálcio, manganês, zinco, proteínas e fibras, esse fruto é consumido milenarmente por povos indígenas e comunidades tradicionais. A colheita ocorre no final do período das chuvas e a farinha serve como principal alimento durante todo o período de estiagem, que, no hemisfério Sul ocorre entre abril e setembro. Além do uso como alimento, sua casca, folhas, sementes e seiva são amplamente utilizados na medicina natural.
Por sua resistência e durabilidade, a madeira é utilizada comercialmente na carpintaria e na marcenaria. Em regiões de hábitos alimentares europeizados e com influência urbano-industrial, o uso da farinha de jatobá e de seus subprodutos é recente, porém, com amplo apelo entre aqueles que valorizam os alimentos livres de glúten e de venenos agrícolas. Além disso, a popularização desse ingrediente requer a oferta de matérias primas; tal demanda estimula o reflorestamento de áreas degradadas e contribui para a recomposição da biodiversidade.
As incríveis propriedades do jatobá, tanto na dimensão gastronômica, culinária, farmacológica, cosmética, artesanal e industrial inspiraram a criação do Projeto Jatobá. Por meio de uma imensa rede de cooperação técnica, científica, solidária e comercial está-se construindo a cadeia de valor desse fruto, tornando-se um projeto inovador em sua propositura socioambiental, gastronômica e em P&D.
Latitude 21 Frutos Nativos e Produtos Regionais é uma empresa de pequeno porte que coordena, mobiliza e articula os segmentos envolvidos na cadeia de valor do fruto nativo jatobá. É também a produtora da farinha de jatobá, insumo básico para uma infinidade de novas criações. Sua fundadora é a doutora Izabel Castanha Gil, professora universitária e pesquisadora em Geografia, com ênfase em desenvolvimento regional.
Inicialmente dedicado ao bioma Mata Atlântica, o projeto vem fazendo experimentos desde 2020. Estende-se no espigão divisor Aguapeí e Peixe, localizado no extremo oeste paulista, num território composto por trinta cidades dispostas entre Herculândia e Panorama, num raio de aproximadamente 180 quilômetros, onde residem cerca de 390.000 habitantes (IBGE, 2024).
A coleta ocorre em árvores remanescentes dispostas às margens de rodovias, praças públicas, pátios de construções e propriedades rurais, sendo realizada por aposentados, jovens e agricultores. O processamento é feito manualmente e ocorre em Adamantina, cidade sede do projeto. A torra da farinha ocorre na farinheira de mandioca Farimpac, em Pacaembu. Trata-se de um negócio familiar artesanal e típico da cultura nordestina, de quem o fundador herdou as técnicas de manejo dos equipamentos.
A farinha de jatobá constitui-se no insumo básico para o enriquecimento de receitas tradicionais (pães, bolos, geleias, massas, licores) e para o desenvolvimento de receitas elaboradas por meio de técnicas da alta gastronomia.
O projeto é dividido em três dimensões, a saber: 1) low tech (baixo emprego de tecnologias industriais), referindo-se às etapas da coleta, processamento da farinha e preparo de receitas tradicionais; 2) high tech (uso de tecnologia de alimentos e tecnologias industriais), correspondendo à elaboração do vinagre de jatobá e todas as receitas voltadas ao público com restrições alimentares (celíacos, diabéticos e outros) e receitas sofisticadas especialmente criadas, como barrinha de cereais, ovos de páscoa, panetones, sorvetes, garde manjê, genoise, temperos e uma infinidade de criações; 3) reflorestamento para obtenção de matérias primas e recuperação da biodiversidade.
A comercialização desses produtos é feita nos formatos B2C (venda direta ao consumidor); B2B (venda a empresas) e B2G (venda a governos, especialmente para a merenda escolar). Os canais de comercialização têm sido as feiras temáticas e culturais, eventos para demonstração dos produtos, redes sociais e pela plataforma de e.commerce www.emporioflamejante.com.br
A matéria prima (frutos) é obtida no extremo oeste paulista, em municípios do localizados nas porções média e baixa do espigão divisor Aguapeí e Peixe, no extremo oeste paulista, por meio de coleta em árvores remanescentes.
Latitude 21 vem ampliando sua rede de cooperação em parceria com a empresa Biomas Brasil Ltda, localizada em Miranda/MS. Com ela amplia-se também a rede de coletores, principalmente no Território Indígena Cachoeirinha Comunidade Mãe Terra, onde vivem indígenas das etnias Terena, Kinikinawa e Kadwel.
Com o intuito de produzir matérias primas e de contribuir para a regeneração do bioma Mata Atlântica, Latitude 21 Frutos Nativos disponibiliza sementes a viveiros municipais, que produz as mudas e as doa para os agricultores e para qualquer pessoa que deseja plantar jatobazeiros e outros frutos nativos.
A rede de cooperação técnica, científica, comercial e solidária conta com a participação de várias instituições e organizações: Centro Universitário de Adamantina (FAI), Sebrae, CATI, IAC, REAP, APTA, Secretaria de Cultura e Turismo de Adamantina, PGEA, RedeCT, Projeto Nossa Gente, Le Chef, Moreno Gengibre, Biomas Brasil, Instituto Pantanal Sul e outras.
Na construção de novos mercados consumidores, atenção especial é dada ao sistema B2G porque o produto natural atende a Lei Federal nº Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, que garante a oferta de cardápio livre de glúten e lactose para estudantes da educação básica. Assim, já foram realizados alguns testes de aceitabilidade com crianças do ensino fundamental I (creche e séries iniciais), com apoio de nutricionistas e diretores de escola.
Os testes foram aplicados no primeiro semestre de 2024, nas cidades de Junqueirópolis, Inúbia Paulista e Parapuã. Em Junqueirópolis, no dia 15 de março de 2024, o teste aconteceu no Centro Educacional Infantil Cristo Redentor, com supervisão da nutricionista Thatiana Ap. Hitomi Mori e da diretora Kelli L. D. Perez. Em Inúbia Paulista o teste aconteceu no dia 24 de maio de 2024, na creche Pequeno Cidadão, com supervisão da diretora Aline Orias dos S. Ferrari e da nutricionista Mayla Guilhermino. Em Parapuã, o chef Édipo vem realizando amplo trabalho de formação básica em gastronomia nas escolas, com apoio da Prefeitura Municipal.
A mistura pronta para bolo tem se destacado pela versatilidade, levando praticidade às merendeiras e nutrição às crianças. Outras inovações estão a caminho, sob supervisão da Consultoria e Desenvolvimento de Produtos It´s Food, de Marília.
Compreende-se cadeia produtiva como o conjunto das atividades interligadas, desde a produção até o consumo. No caso do jatobá, no estado de São Paulo, esse fruto não faz parte dos hábitos alimentares, exigindo investimentos contínuos na divulgação e na apresentação dos produtos. Isso demanda tempo, criatividade e persistência.
A gastronomia tem papel importante, desenvolvendo técnicas e novas receitas, que são apresentadas em inúmeros eventos para degustação, desmistificando a resistência principalmente ao cheiro forte do fruto fresco.
O desenvolvimento de produtos voltados à escala industrial tem demonstrado ser a ponte entre a produção e o consumidor final. O interesse de supermercados, cafés e lojas de produtos naturais, certamente, fecha a cadeia produtiva, levando os produtos até o consumidor final.
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